Atualmente, o câncer é considerado um dos principais problemas de saúde pública no mundo e está entre as principais causas de morte por doença. A incidência e a mortalidade por câncer vêm aumentando, em parte pelo crescimento e envelhecimento populacional, mas também pela mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco de câncer, especialmente aqueles associados ao desenvolvimento socioeconômico. Assim, tem-se observado o aumento dos tumores relacionados à incorporação de hábitos e atitudes associados à urbanização (sedentarismo, alimentação inadequada, obesidade, entre outros).
De acordo com as estimativas do INCA, entre 2023 e 2025, são esperados, em cada ano, 704 mil casos novos de câncer no Brasil, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.
De forma geral, o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
Já especificamente nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (excluindo o de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos para cada ano do triênio. Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa essa posição.
O câncer, assim como outras doenças crônicas, está relacionado a causas multifatoriais, frequentemente relacionadas a modos de vida e exposições ambientais e ocupacionais. Dessa forma, é fundamental identificar estes fatores causais e promover ações, programas e políticas para reduzir ou abolir a sua prevalência nas populações.
A prevenção primária tem sido apontada como a estratégia mais efetiva para o controle do câncer. Além de evitar a ocorrência da doença, a prevenção primária também tem grande potencial de redução do fardo econômico do câncer no Brasil. Os gastos com a assistência oncológica vêm crescendo de forma expressiva e ameaçam a viabilidade financeira do SUS.
Como estratégia para prevenção e controle da doença, destaca-se a adoção de um modo de vida saudável e a redução de exposição às substâncias causadoras de câncer. Desta forma, podemos destacar abaixo algumas informações importantes que nos ajudam a reduzir o risco de desenvolver um tumor:
– O tabagismo é uma doença que contribui para o desenvolvimento de vários tipos de câncer, sendo o principal fator de risco isolado para o surgimento de tumores. O tabaco fumado em qualquer uma de suas formas (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, cigarrilha, bidi, tabaco para narguilé, rapé, fumo-de-rolo, dispositivos eletrônicos e outros), provoca diariamente a morte de 443 pessoas no Brasil. Quer parar de fumar? Procure uma unidade de saúde e se informe sobre o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.
– O consumo de bebida alcoólica em qualquer quantidade aumenta o risco de câncer. O melhor é não consumir e se beber, procure ingerir a menor quantidade possível.
– Incorporar a prática de atividade física na rotina, é fundamental na prevenção e controle do câncer, assim como para a saúde de uma forma geral.
– Manter peso corporal dentro dos limites recomendados de índice de massa corporal (18,5 ≤ IMC ≤ 24,9) e adequada circunferência de cintura (Mulher ≤ 80cm e Homem ≤ 94cm).
– Evitar o consumo de qualquer tipo de carnes processadas, tais como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru defumado, pois não há limite seguro de ingestão.
– Limitar o consumo de carne vermelha a até 500 gramas de carne cozida por semana.
– Consumir uma dieta que forneça pelo menos 30 gramas de fibra alimentar por dia, incluindo frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais, sementes e nozes regularmente nas refeições.
– Amamentar seus bebês até dois anos ou mais, oferecendo, se possível, somente leite materno nos primeiros meses de vida do bebê. A amamentação protege as mães do câncer de mama e os bebês do sobrepeso e da obesidade ao longo da vida.
A exposição aos agrotóxicos, utilizados tanto em atividades agrícolas como não agrícolas, pode causar uma série de doenças, dependendo do produto que foi utilizado, do tempo de exposição e quantidade de produto absorvido pelo organismo. No Brasil temos enfrentado sérios problemas quanto ao uso de agrotóxicos: permissão de agrotóxicos já banidos em outros países e venda ilegal de agrotóxico que já foram proibidos. Por isso, é recomendado ter muita precaução com o uso e contato destes produtos.
Fonte: INCA (disponível em www.inca.gov.br)
Giselle Vaz – Enfermeira oncológica, filiada ao Solidariedade (MG)